quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Esponja humana

Publicado originalmente em 21 de Maio de 2008


Chegam aqueles dias que você simplesmente não sabe o que pensar, não sabe o que pensam de você, e não sabe como deve pensar. Existe de fato uma maneira certa de pensar?
Quero dizer, eu tenho motivos de sobra pra ser considerado um cara feliz. Tenho um pouco de tudo e nada em excesso, como costumo dizer.
Tenho alguém que me ama como filho. Tenho alguém que me ama como homem. Tenho alguém que me ama como amigo e tenho alguns que não me amam, para equilibrar tanta troca de amores.
Mas talvez o ser humano sinta necessidade de ter problemas, e quando não encontra nenhum em seu cotidiano, o cria milagrosamente.
Não que eu esteja querendo criar problemas mas não sei bem ao certo o que estou sentindo.
Fato é, tive uma conversa difícil com minha mãe há exatos 14 minutos atrás. E ela me questionou sobre meu futuro e o que eu quero pra minha vida, e não ficou feliz com as respostas.
E eu pude ver nos olhos dela que eu ainda vou vê-la chorar muito por conta dessas decisões.
Vou me analisar um pouco, sem falsa modéstia e sem querer ser o cara mais fabuloso do planeta e nem o cara mais cagado:
Eu sou dono de minhas próprias idéias. Tenho uma personalidade que eu mesmo invejo. Não sou um alienado que vive de maneira única. Tenho pessoas que se parecem comigo em vários e diversos sentidos. Minhas roupas me agradam. Meu cabelo me encomoda, mas é meu. Ser careca seria pra mim não seria legal. Sou vegetariano e tenho orgulho de minha escolha. Sou bissexual e acho isso o máximo e tenho igual orgulho. Não tenho partido político e nem religião. Não brigo por nenhuma causa em especial (tenho esse direito). Valorizo meus sentimentos e acho isso uma grande bosta, porque isso só me prejudica as vezes. E saber de tudo isso só demontra que sou um tanto analítico demais. Isso não é bom e já tentei parar.
Analisando tanto tudo e todos acabo absorvendo como uma esponja humana tudo por aí.
Quero me desligar e parar de pensar. Quero sair deste palco e ficar no camarim, me cansar e ir pra platéia, bater palmas como qualquer idiota.
Quero conseguir errar, fazer alguém sofrer e sorrir vendo alguém chorar.
Quero me sentir um estúpido sendo um idiota.
Quero pelo menos saber qual a sensação de ser uma pessoa diferente desta que aqui lhes escreve. Escritor de meia tigela, que talvez nunca saia deste blog, blog este abandonado, que ninguém ao menos se dá ao trabalho de ler. Poeta sujo e sem futuro, que perde seus dias anotando idéias e pensando sozinho como é ser reconhecido.
Mas com a mesma intensidade que quero tudo isso, também tenho em mente que não quero me perder por aí, sendo mais um homem sem cérebro. Acho digno o fato de ter capacidade pra sentir e pensar, mas tambem quero que se foda. Sentimentos causam grande dor. Grandes dores causam grandes traumas. Traumas não são legais, e eu agora sei depois deste final de semana que se passou que tenho tanta dor pra explodir dentro de mim, quando veias, órgãos e etc.
Eu senti a dor de perto, dor de ter certeza que perdi a coisa que mais me faz feliz no mundo, mesmo que de maneira alternativa e as vezes grossa e insensível.
Aprendi que chorar é humilhante. E o mais inacreditável é que eu, fraco e burro, não consigo deixar de fazer isso sempre que preciso. Não, neste momento não estou chorando, e precisei contorcer minhas bochechas neste segundo pra sentir meu rosto. Não sorri hoje ainda, não chorei hoje ainda, não fiz nada hoje. Não senti nada. Mas reprimi a vontade de sentir.
E assim pretendo continuar! Mas logo tudo explode... é sempre assim afinal.
(Continua... Talvez!)

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