quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sopa de Barbante


(Publicado originalmente em 30 de Janeiro de 2008)


Eu realmente não consigo acreditar que alguém nesse mundo fale tanto sobre a minha vida, a minha maneira de ver as coisas. Os meus sonhos, as coisas engraçadas, o jeito de arrumar o quarto, o olhar sobre o amor, sobre a profissão, sobre o maniqueísmo amoroso (existe isso!)
Quando eu fiz 14 anos me foi apresentado um livro de uma certa escritora chamada "Helen Fielding". O livro era "O diário de Bridget Jones".
Eu o li em pouquíssimo tempo, digamos que em 5 dias e 3 horas (mais 4 minutos). Cada história vivida por ela era algo mais e mais reconfortante pra mim. Logo em seguida li "Bridget Jones: No limite da razão".
Sempre solteiro, embora não tão velho quanto ela (pelas minhas contas terei 32 anos de solteirisse se minha vida continuar a mesma, desses já vivi 18. Ou seja, ainda me restam 16 anos. Legal, metade do caminho andado!), eu sempre presenciei amigos, familiares, amigos de amigos, pessoas na rua, pessoas na igreja, pessoas em todos os lugares andando "lindamente" com seus pares. E eu pensava "Porque diabos as pessoas precisam acasalar em todos os lugares???".
Ahhh eu esperei por muito tempo um mundo dividido em dois. Idéia retirada e baseada nos bares e restaurantes, onde há dois ambientes: Fumantes e não fumantes! Meu Deus, talvez eu devesse patentear a idéia de dois ambientes no mundo também: Solteiros e compromissados!
E por muito tempo, eu achei que sempre a parte má (Sempre o modo de viver "Daniel Cleaver") prevalesceria. E que as pessoas "Mark Darcy" jamais poderiam ser escolhidas. Achei que as pessoas desastradas não conseguiriam sucesso nunca. Achei que os admiradores do bom humor jamais seriam levados a sério por alguém. Achei que nossas gafes nunca seriam levadas com um sorrisinho educado de quem por dentro está desejando sua morte!
Bom, a minha vida continua a mesma. Eu, Danilo Lima que aqui lhes fala, continua solteiro, desastrado, engraçado em horários impróprios, e continuo sendo um sonhador. Sempre sou o solteiro da festa, sempre acho que meus familiares se referem a mim quando soltam a seguinte gafe: "Meu Deus, um moço tão bonito, e não arruma namorada!". Ahh eles já sabem onde enfiar a beleza, e não gostaram da idéia. Mas pelo menos eu sei, tenho a certeza que não estou sozinho. Quero dizer, técnicamente sim, mas há outras pessoas assim no mundo afinal de contas!
Mas o fato é o seguinte. Voltando a falar da visão dela. Bridget Jones me conforta. Certa vez eu ouvi de uma pessoa que grandes amizades podem começar no momento em que você vê que há pontos em comum entre ambos os lados. Aquela hora em que você acha que é um ET, uma droga de um ET. E aí você ouve "Poxa, isso sempre acontece comigo!". E nessa mesma hora você tem a sensação de ser igualmente diferente, ou diferentemente igual.
Ela me mostrou (ela quem? Helen Fielding ou sua criação?) que existem pessoas perfeitas, cheias de imperfeição, o que as torna ainda mais perfeitas.
"Eu te amo do jeito que você é, Bridget Jones!". Possivelmente a melhor frase do filme. E aquela que me faz pensar que, sim, alguém pode amar um desastrado louco sarcástico imperfeito solteiro e futuro solteirão talvez. E tudo sem o uso de vírgulas.
Asssitir esse filme me faz rever, mais uma vez, todas as minhas teorias sobre o amor. Mais uma vez, assisti o filme hoje, e que bom que posso contar com o telescópio social dessa vez pra repartir as experiências do filme.
O tempo vai passando e o pensamento Bridget Jones vai ficando. Bridget Jones, a rainha do sexo com um homem entre suas pernas. Danilo Lima com crises na madrugada. Bridget Jones da sopa azul de barbante. Danilo Lima do andar na rua sorrindo quando se apaixona. Bridget Jones precisando emagrecer. Danilo Lima precisando pentear os cabelos. Bridget Jones e o ano novo ao molho curry. Danilo Lima sendo o futuro jornalista sem sucesso. Bridget Jones sendo uma atual jornalista sem sucesso.
Pra mim significa muito mais que um filme, ou um livro.
Bridget jones é a minha imagem. E é estranho assistir um filme feito baseado na minha vida. Ah sim, porque Helen Fielding sabia que em outras partes do mundo muitas e muitos "Bridget's Jones" iriam se assustar com os pontos em comum. E todos nós temos direito afinal, de usar as calcinhas do tamanho que quisermos. Ok, este não foi um bom exemplo! Mas todos nós temos o direito de viver do modo que quisermos (Ou que nos foi imposto, no caso). E saber que 1 em cada 3 casamentos acabam em divórcio, até que me excita, devo confessar. Quem sabe um dia eu esteja do lado oposto deste restaurante chamado mundo. :)

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